sábado, 24 de setembro de 2011

Educação ambiental?


Algumas coisas me intrigam e também me incomodam bastante. Explicarei... Estive nesta semana no II Congresso Internacional de Educação Ambiental, promovido pela UFSM, no Polo em que trabalho, na cidade de Panambi. Ouvi relatos de trabalhos e pesquisas excelentes sobre educação ambiental e como coloca-la em prática.
Entre tantos trabalhos e pesquisas interessantes, ouvi o relato de uma professora da Rede Municipal de ensino de Ijuí, cujo trabalho de pesquisa abordou o descarte de óleo comestível numa das nossas escolas municipais (vejam bem, numa única escola). De acordo com ela, a Rede Municipal tem peixe inserido no cardápio da merenda escolar, e ao ver inúmeras vezes ser feito o descarte do óleo utilizado na fritura do peixe para a merenda, ir pelo ralo, ficou bastante preocupada, elegendo este tema para sua pesquisa de Pós-graduação em Educação Ambiental.
Bom, essa foi a primeira coisa que me intrigou e me incomodou. Uma instituição de ensino, pública, é sempre bom salientar, municipal, que também é bom salientar, descartando óleo no ralo da pia?! Por isso, também, destaquei que era uma única escola, pois me ocorreu uma dúvida, qual o destino dado ao óleo comestível utilizado nas outras escolas da Rede Municipal??
Essa professora fez questionários de pesquisa, na tentativa de verificar “qual o tamanho do estrago” para o meio ambiente. A ideia era entrevistar todos os colaboradores das escolas da rede municipal, na tentativa de verificar quantos destes colaboradores descartam o óleo comestível utilizado nas suas residências no meio ambiente, como quantas escolas da Rede Municipal descartam e contaminam o meio ambiente.
No entanto, a ideia, que a meu ver é excelente, não queria apenas verificar o problema, mas também tentar soluciona-lo ou ameniza-lo, assim a proposta era trazer uma palestrante da Secretaria de Meio Ambiente na tentativa de conscientizar as pessoas dos danos que estão causando ao meio ambiente, e também, realizar uma oficina de confecção de sabão com o óleo comestível utilizado.
Como se sabe, para realizar uma pesquisa dessas na Rede Municipal de Ensino, é necessário a autorização da Secretaria Municipal de Educação, que NÃO AUTORIZOU (isso me indigna muito mais!) sob a alegação que o sabão é confeccionado com soda e era perigoso para a saúde das pessoas. Somente foi autorizada a pesquisa na escola que a professora trabalha, então questionei se nas outras escolas da Rede Municipal ela não realizou somente a coleta dos dados, sem a oficina de confecção de sabão, mas não, isso também não foi permitido pela Secretaria Municipal de Educação, segundo o relato da professora/pesquisadora.
Bem, como eu disse, coisas me intrigam e me incomodam... O que me intriga é se realmente houve essa proibição (ou não autorização, como queiram) por parte da Secretaria e, se sim, o que me intriga mais ainda é quais seriam os motivos? Porque uma coisa é não saber do problema, não saber ou não se preocupar com o descarte do óleo no meio ambiente, e outra (bem diferente e muito mais grave, eu penso) é saber e não querer falar sobre e muito menos soluciona-lo.
O que me intriga ainda mais, sem nenhuma redundância, é que temos uma Secretaria de Meio Ambiente, coleta seletiva para o lixo (se funciona, é outra questão, falo das iniciativas), ecoponto para descarte de pneus velhos e coleta de vidros, pilhas e etc. (antigos papa-vidros, papa-pilhas...) e recentemente uma grande campanha para arrecadação de lixo eletrônico, o que demonstra ou deveria demonstrar, uma certa preocupação com as questões ambientais por parte do Poder Público Municipal. Então, onde está o problema? Parece-me que alguma coisa não está em harmonia.
Penso que para se efetivar a Educação Ambiental é necessário conscientização, e muito mais do que discurso, é necessária a prática, dar o exemplo... Quando se fala de uma instituição de ensino então... Quanto à pesquisa e a qualificação, entendo que a Secretaria de Educação deveria apoiar e incentivar e, jamais, não permitir.
Sinceramente, me senti envergonhada, porque por mais que eu separe o meu lixo, faça o descarte adequado do óleo utilizado na minha casa, morar num município em que ainda acontece esse tipo de coisa, é complicado, é constrangedor, ver o público criticar (com razão) primeiramente a forma que se dava o descarte do óleo nessa escola e, mais ainda, a atitude da Secretaria Municipal de Educação foi ainda mais constrangedor.
Quero crer que tudo não passou de um mal entendido de quem leu a solicitação da professora/pesquisadora e que em breve, adotando o exemplo dessa escola em que trabalha a professora, será dado um destino adequado ao óleo utilizado, e instalado um ‘papa-óleo’ em cada escola da Rede Municipal de Ensino (assim como foi adotado na escola pesquisada).
Para concluir, é do conhecimento de todos, ou pelo menos deveria ser, que a educação ambiental tem que ser trabalhada na Educação Básica, minha dúvida é que tipo de educação ambiental tem os alunos que estudam nessas escolas em que o óleo comestível utilizado é descartado no ralo da pia...?

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