Ontem, como de praxe às quintas-feiras, meu dia terminou às 23h30min. Horário no qual costumeiramente chego a minha casa, após uma jornada de três turnos... A primeira coisa que fiz foi atender minha filha Isadora, que já me aguardava à porta. Tomamos um banho e a coloquei para dormir... Então, fui comer alguma coisa, tomar um chimarrão, conversar com meu marido e Gustavo (meu enteado de dez anos). A televisão estava ligada, mas ninguém prestava muita atenção a ela, até começar o Hipertensão... Gustavo saiu correndo para ver, chamando a atenção de todos para que olhássemos o programa, fitei a televisão por alguns minutos, enquanto tomava um chimarrão, lia um livro e via meu e-mails.
Então, aquele programa me distraiu... Fiquei pensando até que ponto o ‘ser humano’ é capaz de ir pelo dinheiro?! Pensei, isso só pode ser o auge do Capitalismo, não há outra explicação! Foi o tempo de refletir a respeito e mandei o Gustavo para cama... Como pode o ser humano, ‘homo sapiens sapiens’, ser racional que sabe e sabe, se permitir esse tipo de violência? No meu ver, é violência sim, as pessoas se violentam, se submetem a coisas que detestam, tem medo ou nojo, TUDO em troca do dinheiro.
Sem falar que ‘perdem’ totalmente a autonomia, viram marionetes nas mãos dos produtores do programa, da Rede Globo... E, tudo isso sob a alegação que estão se constituindo pessoas mais fortes, aprendendo a lidar com seus medos e frustrações, se tornando seres humanos mais fortes... Por favor! Tão fortes que se submetem e são capazes de TUDO por dinheiro? Isso é ser forte?! Eu diria que esse é o mais absoluto exemplo da miséria humana, o que vale é o TER e não o SER, sim porque muitos dos que estão lá deixam de ser e só pensam em ter, doa a quem doer...
Penso que forte é uma mãe que tem um filho doente e enfrenta filas enormes nesse país para conseguir atendimento no SUS para seu filho. Forte são os inúmeros brasileiros e brasileiras que vivem - melhor dizendo - sobrevivem abaixo da linha da pobreza, enquanto políticos corruptos desviam milhões que com sacrifício tiramos, muitas vezes da mesa da nossa família, da saúde ou da educação dos nossos filhos, para cumprir com nosso dever de cidadão: pagar impostos.
Fortes são os professores e professoras que ganham uma miséria para “salvar o país”. É, “salvar o país”, pois se não todos, mas a maioria dos políticos que hoje estão no poder, têm em seu discurso que somente a Educação é capaz de “salvar o país”, mas enquanto estes ganham horrores para “acabar com o país” – explico: digo acabar com o país, pois na sua maioria nada fazem em prol da sociedade, a não ser onerar ainda mais o bolso do contribuinte, o que acaba por gerar juros absurdos e aumentar o endividamento da sociedade –, os professores e professoras vivem uma batalha diária por salários dignos.
Enquanto isso tudo acontece em nosso país, tem gente que ainda faz apologia ao assistencialismo que impera no Brasil. Gente paga com o nosso dinheiro que pensa estar fazendo um favor ao atender a população. Um país no qual os direitos da sociedade não são respeitados, no qual são necessárias políticas afirmativas (não que eu seja contra essas políticas, mas o melhor seria não precisar delas, se vivêssemos num país justo e igualitário). País em que os políticos se vangloriam de serem éticos, honestos e combaterem a corrupção, enquanto isso tudo não passa da sua obrigação. E, enquanto isso... a população está participando de alguma forma “fácil” e sem nenhuma dignidade de ganhar dinheiro, seja Big Brother, Fazenda, Hipertensão e etc. promovida pela mídia na tentativa de mantê-la ocupada e distraída, sem tempo para refletir.
Bem, não sei se feliz ou infelizmente em mim esse tipo de programação causa o efeito contrário. Outras vezes já citei a dialética de Marx, para explicar o momento que vivemos, mas não consigo ver de outra forma, a saber: humanos se coisificando e humanizando coisas!